Delator da Operação Lava Jato, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado rebateu o presidente interino Michel Temer e reafirmou a informação de que ele pediu, em encontro reservado na Base Aérea de Brasília em outubro de 2012, dinheiro para a campanha do então candidato do PMDB para a Prefeitura de São Paulo, Gabriel Chalita, hoje no PDT. Em pronunciamento feito na manhã desta quinta-feira (16), Temer negou o pedido para Chalita e classificou a delação de Machado como “irresponsável e leviana”.
Por meio de nota, Machado reiterou o que disse sobre Temer e Chalita a investigadores do esquema de corrupção descoberto pela Polícia Federal na Petrobras. “O vice-presidente e todos os políticos citados sabiam que a solicitação seria repassada a um fornecedor da Transpetro, através de minha influência direta. Não fosse isso, ele teria procurado diretamente a empresa doadora”, registra o delator, mantido pelo PMDB por cerca de 12 anos à frente da subsidiária da Petrobras.
Em trecho da delação premiada, investigadores registram que o contexto da demanda sobre Chalita “deixava claro que o que Michel Temer estava ajustando com o depoente [Sérgio Machado] era que este solicitava recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro”. “Após esta conversa mantive contato com a empresa Queiroz Galvão, que tinha contratos com a Transpetro, e viabilizei uma doação de R$ 1,5 milhão feita ao diretório nacional do PMDB; o diretório repassou os recursos diretamente à campanha de Chalita. A doação oficial pode ser facilmente comprovada por meio da prestação de contas da campanha do PMDB”, diz outro trecho da nota.
Machado diz que, desde 1946, o “esquema” de financiamento para campanhas eleitorais protagonizado por políticos no poder funciona por meio de recursos ilícitos.
Na última quarta (15), também por meio de nota, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República já havia se manifestado para negar a versão de que Temer pediu dinheiro ilícito para financiar a campanha de Chalita. No documento, o presidente interino diz que “mantinha relacionamento apenas formal, sem nenhuma proximidade” com Sérgio Machado.
A delação do agora desafeto dos caciques peemedebistas levou à queda do terceiro ministro do governo Temer, Henrique Eduardo Alves (Turismo). O também ex-presidente da Câmara estava no cargo desde abril de 2015, com cerca de um mês de intervalo à época da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff pelos deputados, em 17 de abril, quando dias antes ele deixou o governo petista.
Da redação do Emanoel Cordeiro/Congresso em Foco