Dezesseis anos. Este é o tempo que o Partido dos Trabalhadores (PT) terá ficado à frente do governo da Bahia em 2022, quando o governador reeleito Rui Costa completará seu segundo mandato, o quarto seguido da legenda. O partido segue decidindo as eleições sem a necessidade de uma segunda etapa de votação desde 2006, quando Jaques Wagner conseguiu derrotar Paulo Souto (então PFL atual DEM) já no primeiro turno, mesmo quando, às vésperas do pleito, as pesquisas garantiam a vitória de seu adversário.
Este ano, além da reeleição de Rui Costa, o partido também conseguiu eleger dois senadores: o também petista Jaques Wagner e Angelo Coronel do PSD. A vitória do candidato do PSD foi mais um atestado da força do PT no estado, já que as pesquisas divulgadas antes da votação apontavam que Irmão Lázaro do PSC, apoiado pelo DEM de ACM Neto, ficaria com a segunda vaga de senador da Bahia.
Rui ganhou com folga de José Ronaldo (DEM), seu concorrente direto, com 75,5% dos votos válidos. E, pela composição da Assembleia Legislativa, deve conseguir aprovar seus projetos sem muita resistência, já que o PT terá a maior bancada da Casa: serão 10 deputados na próxima legislatura. Além disso, em 2019, dos 63 deputados estaduais, 37 integram a coligação Mais Trabalho por Toda a Bahia, encabeçada pelo PT e formada ainda por PMB, PSD, PR, PDT, PODE, PRP, PROS, PP, PSB e Avante.
De acordo o professor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA, Paulo Fábio Dantas, tudo indica que nas próximas eleições para o governo do estado, o PT deve continuar dando as cartas na política baiana, mas deve indicar para o Palácio de Ondina, um político de uma legenda aliada.
“A reeleição de Rui Costa foi construída com a presença marcante do senador Otto Alencar, que inclusive indicou um liderado (Angelo Coronel, também PSD) para o senado que acabou vencendo o pleito. Hoje Otto detém a presidência da Assembleia Legislativa da Bahia e a presidência da União dos Prefeitos da Bahia. Isso tudo indica que ele será o provável sucessor de Rui Costa em 2022”, destacou.
Mas para o cientista político e professor da Unilab, Cláudio André de Souza, ainda é cedo para dizer se o PT baiano continuará forte nos próximos anos. Uma coisa é certa: o cenário nacional terá impacto forte impacto nesta questão.
“Caso Jair Bolsonaro seja eleito o próximo presidente, ele pode buscar medir forças na condução da política baiana através, sobretudo, da perspectiva de impedir que investimentos federais cheguem até à Bahia. Claro que para algumas votações vai depender de como as bancadas federais vão negociar lá em Brasília. Também é possível que o governo (federal) não consiga retaliar a Bahia, tudo dependerá do poder de barganha dos deputados”, explica.
Retrospecto do PT
A primeira vitória para o governo do estado da Bahia foi em 2006. Naquele ano, Wagner venceu Paulo Souto ficando com 52,89% dos votos. Quatro anos depois, o petista conseguiu se reeleger também no primeiro turno, quando 63,83% dos eleitores o escolheram. Souto, novamente seu concorrente direto, teve 16% dos votos.
Já em 2014, Wagner conseguiu fazer seu sucessor. O então secretário da Casa Civil Rui Costa, foi eleito para o primeiro mandato com 54,33% dos votos. Mais uma vez o candidato Paulo Souto foi derrotado, ficando na segunda posição com 37,39%.
Eleições presidenciais
A boa avaliação do governo de Rui Costa também impactou as eleições presidenciais deste ano. Na Bahia, o presidenciável Fernando Haddad (PT) obteve 60,28% dos votos válidos. Já seu oponente direto, Jair Bolsonaro (PSL), ganhou apenas em seis dos 417 municípios baianos: Itabuna, Teixeira de Freitas, Eunápolis, Luís Eduardo Magalhães, Itapetinga e Buerarema. O candidato do PSL obteve 23,41% dos votos.
Da redação do BLOG do Emanoel Cordeiro/ Por Ana Paula Lima/Yahoo Notícias