Segundo Bolsonaro, os deputados mantiveram mais de 95% do conteúdo original da medida provisória.
O líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP), defendia a manutenção do Coaf na Justiça, mas, após o pedido de Bolsonaro, disse que a legenda votaria pela transferência do órgão para a Economia.
A sessão do Senado começou por volta das 18h, após uma reunião entre os líderes partidários e o presidente da Casa, Davi Alcolumbre.
Antes de iniciar a discussão sobre a medida provisória, Alcolumbre leu a carta de Bolsonaro.
A MP, então, começou a ser discutida, etapa que durou mais de três horas. Durante a fase de discursos, Omar Aziz (PSD-AM), defendeu a manutenção do Coaf no Ministério da Justiça. O parlamentar também fez um “apelo” para que Bolsonaro enviasse uma carta ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), informando que quer manter o órgão sob o comando de Sérgio Moro.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), na sequência, também citou a carta de Bolsonaro e disse que, para ele, quem não quer o Coaf no Ministério da Justiça é o próprio presidente da República.
“É importante registrar para que as redes sociais, para que os robôs, para que os seguidores fanáticos assinalem na cabeça com toda a clareza: quem não quer o Coaf no Ministério da Justiça é Jair Bolsonaro. Esse Senado faria por onde”, disse.
Depois, o senador Reguffe (sem partido-DF) afirmou avaliar que havia tempo para o texto ser modificado pelo Senado e reanalisado pela Câmara.
Em seguida, o senador Ângelo Coronel (PSD-BA) disse que o governo tem comportamento “pingue-pongue” porque, na avaliação dele, “quer jogar a culpa no pingue no Senado e no pongue da Câmara”. Em resposta, Davi Alcolumbre disse que “as pessoas evoluem”.
Durante a sessão desta terça-feira, o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que a carta de Bolsonaro é a “cara do governo Bolsonaro” e a “cara da confusão”.
Randolfe acrescentou que o Senado não pode cumprir o papel de “carimbador” do que é aprovado na Câmara, numa referência ao pedido do presidente.
“Nós vamos atender ao que disseram as ruas no domingo. As ruas, no domingo, não disseram para o Coaf ficar no Ministério da Justiça? Se o governo é confuso, ele que arque com as confusões de ser governo. Ele que arque com as trapalhadas de ser governo. Se o senhor Bolsonaro quer instituir aqui no Brasil uma espécie de ‘chavismo de direita’, ele não conte com o Congresso Nacional para isso. Ele não conte com o Senado para esse conjunto de palhaçadas que ele está protagonizando”, afirmou Randolfe.
Após a fala do senador, Humberto Costa (PT-PE) disse que, se a base do governo estivesse organizada, votaria a MP de acordo com a orientação do presidente. “Imagina se todo presidente tivesse que mandar uma carta para aprovar uma proposta do governo”, acrescentou.
Além da transferência do Coaf para o Ministério da Economia, o texto aprovado:
- reduz de 29 para 22 ministérios, sem recriar as pastas de Integração Nacional e Cidades;
- não impõe limitação à atividade de auditores fiscais da Receita Federal;
- transfere a Funai do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos para o Ministério da Justiça;
- deixa, sob a alçada da Funai, a demarcação de terras indígenas, atualmente vinculada ao Ministério da Agricultura.
Da redação do BLOG do Emanoel Cordeiro – Radar de Notícias/G1