O responsável pela denúncia de um esquema de “rachadinha” de salários entre servidores, um pastor, um deputado estadual e uma vereadora do Recife prestou depoimento ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) na terça-feira, dia 08 de outubro. Segundo o advogado do denunciante, o homem sofreu chantagem para não falar com os promotores.
“[Agora] não está acontecendo, porque aí vai ser uma situação que pode ser tipificada como crime. Antes ele sofreu, mas depois que a gente denunciou eles não procuraram mais”, afirma o advogado Luiz Miguel dos Santos.
Segundo o defensor, as chantagens foram gravadas por meio de áudios. “Tentaram de todo jeito calar o meu cliente e outras pessoas. Vieram ao meu escritório assessores da vereadora Aimée [Carvalho] e ficou gravado que eles tentaram calar o servidor para que ele não denunciasse”, conta.
No registro do depoimento prestado ao MPPE, houve uma tentativa de reprodução de um áudio que, segundo o advogado, o deputado Adalto Santos (PSB) pede que o caso não seja denunciado. A gravação está inaudível, segundo a ata do Ministério Público.
“É um áudio em que o deputado pede por tudo para o meu cliente não fazer a denúncia. Ele sabe que essa conversa é extremamente comprometedora”, afirma.
Em 2010, o denunciante disse ter sido convidado pelo pastor Ailton José Alves, líder da Assembleia de Deus, para trabalhar no Projeto Cidadania, que “seria criado para o lançamento de candidaturas políticas da Assembleia de Deus em Pernambuco”, segundo consta no documento do MPPE.
Na denúncia, o homem afirmou ter aceito o convite por “pretender subir na escala hierárquica’ da Assembleia de Deus. A convite do pastor Ailton Alves, o denunciante diz ter ido trabalhar no Templo Central da Assembleia de Deus, no Recife.
“O depoente afirma que pensava que ia ser registrado como um empregado daquele templo […] e que, passado o tempo, foi procurado pelo deputado Adalto Santos, que teria falado que já havia conversado com o Pastor Ailton José Alves” e que o denunciante “ficaria recebendo pelo gabinete como cargo comissionado, mas continuaria trabalhando no templo central”, detalha o documento.
Ao ouvir a proposta, o denunciante alegou ao MPPE que “perguntou ao deputado sobre a regularidade dessa nomeação e o mesmo afirmou ‘que não se preocupasse, pois nem precisaria ir por lá'”.
O fato aconteceu em 2011 e, depois de um ano, o responsável pela denúncia tomou conhecimento de que seria exonerado do cargo de assessor parlamentar, “pois temia que algo fosse descoberto”.
No depoimento, o denunciante também afirma que “a candidatura da vereadora Aimeé Silva de Carvalho (PSB) também faz parte do Projeto Cidadania” e que a esposa dele também teria participado do mesmo esquema.
Segundo o MP, a defesa tem cinco dias úteis para apresentar vínculos empregatícios do homem com as instituições citadas na denúncia.
Procurado pela reportagem, o deputado Adalto Santos informou lamentar “pelas calúnias e mentiras registradas diante do MPPE” e que todos os esclarecimentos serão prestados às autoridades.
A vereadora Aimée Carvalho negou qualquer irregularidade em sua prestação de contas e se colocou à disposição do MPPE para prestar esclarecimentos.
O pastor Ailton Alves alegou que “são falsas e desprovidas de qualquer pudor as afirmações feitas ao MPPE pelo denunciante” e que “todos os esclarecimentos serão feitos em seu devido tempo, tendo como maior compromisso a verdade”.
Por meio de nota, o PSB informou que a direção “tem confiança no mandato dos dois parlamentares e enfatiza a importância do aprofundamento das investigações na certeza de que todos os fatos serão plenamente esclarecidos”.
A Câmara Municipal do Recife informou ter concedido todas as informações solicitadas pelo MPPE.
A assembleia Legislativa de Pernambuco afirmou que não iria se manifestar, porque o processo se encontra em fase inicial.
Da redação do BLOG do Emanoel Cordeiro – Radar de Notícias/G1 PE