Milhões de pessoas na Espanha e na França recuperaram parcialmente a liberdade de circulação nesta segunda-feira dia 11 de maio com a suspensão das restrições impostas contra a pandemia do novo coronavírus, mas a OMS recomendou “vigilância extrema” para evitar uma nova onda de contágios, como na Coreia do Sul e na China.
Na Espanha, um dos países mais afetados pela pandemia, com 26.744 mortes, embora o número de óbitos esteja em queda, permitem-se reuniões em grupos de até dez pessoas, sentar-se em terraços com número limitado de pessoas ou ir a lojas sem agendar a visita previamente.
Na França, algumas lojas abriram e milhões de pessoas saíram de casa e voltaram ao trabalho, reativando uma economia que está quase parada há dois meses, mas com medidas de segurança, como o uso de máscaras obrigatório no transporte público.
Mas após vários dias de diminuições recorde nas mortes diárias (70 no domingo), a França teve 263 óbitos em 24 horas, elevando o balanço para 26.643 falecidos, diante do que as autoridades insistiram nas medidas de segurança.
Nos horários do rush nesta segunda-feira, o metrô de Paris ficou quase tão cheio quanto antes do confinamento.
“Extrema vigilância”
Desde que emergiu na China em dezembro, a doença causou quase 284.000 mortes e contagiou 4,2 milhões de pessoas em 195 países, segundo o último balanço da AFP, feito com base em fontes oficiais.
A suspensão do confinamento é um sinal de “sucesso”, avaliou na última segunda-feira o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus. Mas ele advertiu que a volta à normalidade não pode se basear em uma hipotética “imunização coletiva”.
No Reino Unido, com 32.065 mortes, o primeiro-ministro Boris Johnson, que inicialmente havia apostado nesta “imunidade de rebanho”, foi alvo de duros ataques da oposição e dos sindicatos devido ao plano de desconfinamento anunciado na véspera, o qual qualificaram de “contraditório” e perigosamente “confuso”.
A Itália, com 30.739 mortes, segue melhorando e registrou nesta segunda-feira pela primeira vez menos de mil pacientes em unidades de terapia intensiva.
Mas o temor de uma segunda onda ganha força, depois da informação, na China, de cinco novos casos de coronavírus em Wuhan, foco da pandemia, um dia depois de anunciar a primeira infecção em mais de um mês nesta cidade do centro do país.
Em Xangai, o parque de diversões Disneyland voltou a abrir as portas nesta segunda, mas com restrições. “Passamos dois meses trancadas, era um tédio mortal”, disse à AFP uma visitante, acompanhada de uma menina de cinco anos.
A Coreia do Sul, onde a epidemia também estava controlada, registrou nesta segunda 35 novos casos, o maior número em mais de um mês, devido ao aparecimento de um foco em um bairro boêmio de Seul.
Na Alemanha, onde em três cantões foi superada a taxa crítica de 50 novos contágios por 100.000 habitantes, a chanceler Angela Merkel insistiu em que é “muito importante” que as pessoas respeitem as medidas de distanciamento.
Nova acusação dos EUA contra a China
Enquanto vários países se lançam em uma corrida contra o tempo para obter uma vacina, os Estados Unidos vão acusar publicamente a China de tentar piratear suas pesquisas para este fim, segundo o The Wall Street Journal e o The New York Times.
Em Pequim o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, rechaçou as acusações, afirmando que seu país se opõe firmemente aos ciberataques.
O governo de Donald Trump acusa a China de ter demorado em alertar o mundo sobre a epidemia, que causou nos Estados Unidos mais de 80.000 mortes, o número de óbitos mais elevado do mundo em um único país, e mais de 1,3 milhão de contaminados, inclusive dois na própria Casa Branca.
Três regiões do estado de Nova York, epicentro da pandemia nos Estados Unidos, com mais de 26.600 mortes, poderão reabrir gradualmente, conforme previsto, em 15 de maio. “Começamos um novo capítulo hoje de muitas maneiras”, disse o governador Andrew Cuomo.
Mas na cidade de Nova York, o maior foco do epicentro, a maioria das lojas não essenciais não vão poder abrir pelo menos até junho, advertiu o prefeito Bill de Blasio.
Bairros pobres e prisões
A região da América Latina e do Caribe é uma das mais afetadas pela pandemia, com 20.909 mortes (de 375.000 contágios), mais da metade no Brasil, com 11.123 óbitos de 162.699 casos registrados até a noite de domingo (10).
Bairros pobres super povoados e prisões são dos dois locais em diferentes países onde se teme mais a propagação do vírus.
Um chefe do cartel mexicano Los Zetas, Moisés Escamilla May, de 45 anos, condenado pela decapitação de 12 pessoas, morreu em uma prisão de COVID-19. E no Peru, detentas de um presídio feminino de Lima protestaram pedindo “ajuda” depois que uma presa testou positivo para o novo coronavírus.
A Nicarágua, onde segundo o governo há apenas 16 casos e cinco mortes, é um foco de preocupação. Segundo o Observatório Cidadão (independente), o país tem mais de 780 casos suspeitos. O chefe da diplomacia americana para a América Latina, Michael Kozak, exigiu nesta segunda-feira que o presidente Daniel Ortega “ponha a limpo” o que acontece no país.
Focos de infecção durante esta pandemia, outro navio de cruzeiro, o australiano Greg Mortimer, atracou nesta segunda no porto de Montevidéu para a evacuação de seus tripulantes, entre eles dezenas de contagiados, que deverão fazer quarentena em hotéis.
No resto do mundo, os olhos se voltam para África, Rússia e Índia. A África do Sul, país mais afetado da África subsaariana, superou os 10.000 casos confirmados, dos quais, 194 mortes.
Na Rússia, onde há mais de 10.000 casos diários, o presidente Vladimir Putin anunciou o fim a partir de terça-feira do período de folgas remuneradas, dando sinais de uma saída “passo a passo” das restrições do confinamento. “Mas a luta contra a epidemia (do novo coronavírus) não acaba. O perigo permanece”, advertiu.
A Índia, com quase 63.000 casos e mais de 2.100 mortes, começou o processo de desconfinamento, mas continua proibindo as viagens entre os estados, assim como voos nacionais e internacionais.
Da redação do BLOG do Emanoel Cordeiro – Radar de Notícias/AFP