O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta quarta (30) que o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), contou a ele no dia 9 de outubro deste ano que o porteiro do Condomínio Vivendas da Barra citou o nome do presidente da República em depoimento durante as investigação da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.
“Deixar bem claro também: dia 9 de outubro, às 21h, eu estava no Clube Naval no Rio de Janeiro. Chegou o governador Witzel e chegou perto de mim e falou o seguinte: ‘o processo está no Supremo’. Eu falei: ‘que processo?’ ‘O processo da Marielle.’ ‘Que que eu tenho a ver com a Marielle?’ ‘O porteiro citou teu nome.’ Quer dizer: Witzel sabia do processo que estava em segredo de Justiça. Comentou comigo”, afirmou o presidente.
Segundo informações da TV Globo, o porteiro do condomínio disse à polícia que, horas antes do assassinato dos dois, o outro suspeito do crime, Élcio de Queiroz, entrou no local e disse que iria para a casa do então deputado Jair Bolsonaro que, conforme mostram registros de presença da Câmara dos Deputados, estava em Brasília no dia 14 de março de 2018.
De acordo com o registro do porteiro, às 17h10 da data do crime, Élcio entra com um carro e vai à casa de número 58. Segundo apuração da TV Globo, o porteiro ligou para a casa e perguntou se o visitante estaria autorizado a entrar. Ele disse também que identificou a voz de quem atendeu como sendo a do “seu Jair”, fato que ele confirmou em dois depoimentos.
Conforme o registro geral de imóveis, a casa 58 pertence a Jair Messias Bolsonaro. O presidente também é proprietário da casa 36, onde vive Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro pelo PSC e filho do presidente.
Após adentrar o condomínio, Élcio teria ido a casa 66 do condomínio, diferente do que havia comunicado na portaria. A casa 66 era onde morava Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle e Anderson. O porteiro disse ter acompanhado a movimentação do carro de Élcio pelas câmeras de segurança.
O porteiro afimou, em depoimento, que ligou de novo para a casa 58, e que o homem identificado por ele como “Seu Jair” teria dito que sabia para onde Élcio estava indo, desfazendo assim qualquer tipo de conflito.
Conforme consta nos registros da Câmara, Jair Bolsonaro estava em Brasília, portanto, era impossível que tivesse atendido ao porteiro. O então deputado marcou presença em duas votações na casa: uma às 14h e outra às 20h30.
A TV Globo também diz que fontes garantem que os dois criminosos saíram do condomínio no carro de Ronnie Lessa, minutos depois da Élcio adentrar o condomínio, e embarcaram no carro usado no crime fora das dependências do condomínio onde Jair Bolsonaro é dono das casas.
A guarita do condomínio teria equipamentos que gravam conversas pelo interfone. Segundo a TV Globo, os investigadores estão recuperando os arquivos de áudio para saber com quem, realmente, o porteiro conversou no dia da morte de Marielle e Anderson. A polícia prendeu os dois suspeitos de matar Marielle e Anderson em março deste ano.
A TV Globo diz que depois de tomarem ciência da citação do nome do presidente Jair Bolsonaro no caso, representantes do Ministério Público do Rio foram até Brasília, no último dia 17, para consultar o presidente do STF, Dias Toffoli, se podem prosseguir com as investigações agora que há o nome do presidente envolvido. Toffoli ainda não teria respondido.
Segundo a TV Globo, a citação a Bolsonaro pode levar a investigação da morte de Marielle ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo fato de o presidente ter foro privilegiado – na época, ele era deputado federal.
Frederick Wassef, advogado do presidente Jair Bolsonaro, rechaçou completamente o depoimento do porteiro e disse que vê uma tentativa de atacar a imagem do presidente.
“Eu nego isso. Isso é uma mentira. Deve ser um erro de digitação, alguma coisa. É o caso de uma investigação por esse falso testemunho”, disse Wassef.
Da redação do BLOG do Emanoel Cordeiro -Radar de Notícias/Yahoo Notícias