A mãe de um menino de um ano e quatro meses foi encaminhada à polícia após seu filho ser atendido no Pronto-Socorro da Criança João Lúcio, na Zona Leste de Manaus, neste domingo, 12 de junho.
De acordo com uma médica do hospital, a criança tinha marcas de mordidas, hematomas de espancamento por todo corpo e ferimentos no pênis. A família negou ao G1 que tenha ocorrido violência contra o bebê.
De acordo com familiares de pacientes, o caso revoltou a equipe médica e pessoas que estavam na unidade de saúde no momento do atendimento, nesta manhã. A mãe e o padrasto da criança – de 22 e 17 anos respectivamente – levaram o menino até o hospital.
“As mães estão revoltadas. Tinha mãe querendo bater nela dentro do hospital. Inclusive, ela foi amparada para dentro da observação, porque as mães queriam pegá-la”, relatou a pediatra Aline Coelho Cordeiro.
Segundo informações repassadas por funcionários da unidade, a criança tinha múltiplas lesões causadas possivelmente por socos e mordidas. “A criança chegou chorando. A mãe, super fria, chegou dizendo que a criança tinha caído do velocípede. Achei muito estranho porque a gente conhece quando a criança cai e, ele estava cheio de mordidas pelo corpo inteiro, perna, tronco, cabeça, bochecha, inclusive na área genital. O ‘pintinho’ dele estava dilacerado com mordidas”, disse a pediatra.
A médica disse ainda que a equipe do hospital questionou a mãe e o padrasto sobre a causa dos ferimentos. “Ela [mãe] disse que ele [menino] caiu do velocípede, depois ela mudou de assunto, dizendo que ela dormiu e que já tinha acordado com a criança daquele jeito. Mas como? Só se tinha um tigre dentro do quarto?”, afirmou a médica. O menino permaneceu por três horas em observação. Após ser submetido ao exame de raio-x, ele foi avaliado por um pediatra, um cirurgião e um ortopedista. “Ele não tem sinais de fratura. A única coisa que esta ruim é a urina, como o ‘pintinho’’ dele foi muito mordido, ele não esta conseguindo urinar”, disse Aline.
Família No estacionamento do Pronto Socorro, familiares da mãe e da criança, sustentaram a informação que o menino havia caído da escada, mas que ele estava bem. Nervosos, não quiseram gravar entrevista com a imprensa.
Ainda pela manhã, a criança e a mãe foram encaminhadas em uma viatura da Polícia Civil para o Instituto Médico Legal (IML) no bairro Cidade Nova, Zona Norte de Manaus.
Realizado o exame de corpo delito, mãe e criança foram levadas à Delegacia Especializada de Assistência e Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), no bairro Planalto, Zona Centro-Oeste.
A delegada titular Juliana Tuma afirmou que o flagrante foi instaurado e que o a perícia do IML poderá identificar a natureza das mordida. “Esse caso dessa lesão corporal deixou toda equipe da delegacia sensibilizada. Iniciamos as diligências no sentido de apontar a natureza das mordidas, até para que a gente verifique se a mordida foi feita por um adulto, uma criança, se foi por alguém que usa ou não aparelho (dentário)”, disse.
Na tarde deste domingo, a mãe e outras pessoas foram ouvidas na delegacia. “Estamos trabalhando no sentido de ouvir todos os envolvidos, as pessoas que estavam na casa. Agora, o que causa espécie em toda a equipe é: essa criança não reagiu? Não gritou? Então a mãe possivelmente responderá no mínimo pela omissão”, afirmou a delegada.
Ela adiantou que o menino será encaminhado ao serviço de acolhimento institucional, ainda neste domingo (12), até o caso ser elucidado.
A polícia informou que os procedimentos cabíveis para o caso devem continuar durante o restante do domingo, e que mais informações só devem ser obtidas na manhã desta segunda-feira (13)
Fonte: G1/ Adeilson Silva/GP Notícias do Vale.