Não é só pra estadual que Ouricuri terá candidatura. Surgiu recentemente a intenção do PSOL em lançar Adalberto Alencar como candidato a deputado federal. A novidade é que será uma candidatura coletiva. A ideia é transformar a velha política em mais espaço para a população diante de um mandato.
A ideia surgiu em meio a uma reunião onde foram convidados vários seguimentos da sociedade e em discussão chegaram ao consenso de que um grupo de pessoas, dentre elas: professores, agricultores (as), blogueiros (as), advogados (as), médicos (as), LGBTs, presidentes (as) de associações etc. se unirão em torno de uma ideia social e irão juntos pleitear uma cadeira na Câmara Federal.
De acordo com Adalberto Alencar, um dos participantes, esse projeto vem ganhando adesão de várias pessoas da sociedade civil organizada. “Caso o candidato vença, ele será gerido pelo conjunto de pessoas inseridas nesse projeto. Ele não terá o poder de decidir nada sozinho”, afirmou Alencar.
O blogueiro Elismar Rodrigues, outro membro do mandato coletivo, enxerga nesse modelo político, a solução para o fortalecimento democrático, uma vez que no mandato coletivo o poder de decisão é de muitos, e o candidato eleito terá que acatar a decisão do grupo, como acontece nas associações e sindicatos.
A primeira experiência do Brasil
Na eleição de 2016, um grupo de cinco pessoas “foi eleito” para uma vaga de vereador na cidade de Alto Paraíso de Goiás, cidade com pouco mais de 7.000 habitantes. Oficialmente, apenas um deles, o advogado João Yuji (Podemos, antigo PTN), estava inscrito como candidato na Justiça Eleitoral. Conquistada a cadeira na Câmara, Yuji garantiu que seu mandato seria exercido em conjunto com seus quatro amigos que trabalharam na campanha. O Nexo conversou com Ivan Anjo Diniz, um dos cinco membros do mandato coletivo em Alto Paraíso, para saber como ele define a experiência do primeiro ano de trabalho do grupo. Diniz afirmou que o grupo se reúne regularmente para discutir as questões da cidade e que não há hierarquia entre os membros do mandato. Ainda que Yuji seja o vereador oficial, as decisões são tomadas por consenso e, quando ele não é alcançado, por votação.
“Nós não distinguimos peso entre o voto dele, formalmente eleito, e o dos demais membros. Em reuniões, a voz dele [Yuji] não é maior e a decisão final nunca é [só] dele, a decisão é sempre coletiva” Ivan Anjo Diniz Membro do mandato coletivo em Alto Paraíso.
Da redação do BLOG do Emanel Cordeiro/Elismar Rodrigues