A pedido do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), o presidente interino Michel Temer decidiu demitir Eliane Libânio Brasil de Matos e Luiz Carlos Everton de Farias dos cargos de diretores do Banco do Nordeste. Os dois tinham como padrinhos os irmãos Ciro e Cid Gomes e próceres do PT, que se juntaram em 2014 para derrotar Eunício na disputa pelo governo do Ceará.
Ontem, no início da tarde, Eunício se reuniu com Temer no Palácio do Planalto. No encontro, reclamou da quantidade de adversários políticos lotados no Banco do Nordeste e em outros cargos federais no Ceará. Reclamação apresentada, Eunício rumou para o plenário do Senado e convenceu colegas a abrir mão de discursar, a fim de dar celeridade à votação que faria de Dilma Rousseff ré no processo de impeachment. Na madrugada desta quarta-feira, a votação foi concluída, e a presidente afastada, derrotada, por 59 votos a 21. Se o placar se repetir na última fase do processo, a petista perderá o mandato, e Temer assumirá de forma efetiva.
A demissão dos dois diretores é uma retribuição ao trabalho de Eunício, que já havia indicado o novo presidente do Banco do Nordeste, Marcos Holanda. Segundo o Planalto, se os governistas não tivessem aberto mão de discursar, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, poderia suspender a sessão devido ao adiantado da hora e, com isso, atrasar o cronograma do impeachment. O processo, então, dificilmente seria concluído em agosto. É tudo o que Temer pretende evitar. O interino, como se sabe, quer participar da reunião do G-20, em setembro, na China, sua primeira viagem oficial ao exterior, como presidente com plenos poderes.
Da redação do BLOG do Emanoel Cordeiro/Veja.com