PERNAMBUCO ELEGE OS SEIS NOVOS PATRIMÔNIOS VIVOS DO ESTADO. OURICURI TEM MESTRE APRÍGIO

O Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural elegeu seis novos Patrimônios Vivos de Pernambuco em uma reunião ordinária, realizada nesta quarta-feira, dia 10 de julho. São eles: Mestre Saúba (Brinquedos populares e mamulengos, de Jaboatão dos Guararapes), Maracatu de Baque Solto Cambinda Brasileira (Nazaré da Mata), Mestre Aprígio (artesão do couro, de Ouricuri), Mestre Nado (artesão de instrumentos musicais feitos de barro, de Olinda), Assis Calixto (mestre de coco, de Arcoverde) e Tribo Indígena Carijós do Recife (Caboclinho, do Recife).

Os vencedores passam a receber bolsa vitalícia de R$ 1.600, no caso de pessoa física, e R$ 3.200 no caso de grupos/pessoas jurídicas.
O Mestre Aprígio de Ouricuri em entrevista exclusiva, revelou ao repórter Emanoel Cordeiro a emoção e a satisfação em ser escolhido patrimônio vivo de Pernambuco e agradeceu aos que votaram e contribuíram para o feito, inclusive sua família e amigos de Ouricuri, a administração pública, em nome do atual gestor, Ricardo Ramos e ao coordenador de cultura do município Cezar Milton e a esposa Geruza, assim como o Frei França, (que já foi pároco de São Sebastião em Ouricuri e hoje está como membro da comissão que elegeu o mestre Aprígio, que nos revelou que continua na atividade mais já repassou os ensinamento para o seu filho Romildo. (Foto ao lado do pai e de Emanoel Cordeiro).
Entre as justificativas para as escolhas, o conselho ressaltou os saberes de cada mestre, a contribuição para a formação cultural dentro do seu território, o tempo de existência, histórico e questões como a regionalização. Os candidatos foram previamente inscritos no 14º Concurso do Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco – RPV-PE, Secult-PE) e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).
O objetivo do prêmio é reconhecer, estimular e proteger iniciativas que contribuem para o desenvolvimento sociocultural e profissional dos mestres e das mestras e grupos de notório saber, almejando a transmissão de seus conhecimentos e de suas técnicas para alunos ou aprendizes, através de programas de ensino e aprendizagem apoiados ou executados diretamente pela Secult-PE e Fundarpe.
“Com esses novos seis patrimônios, passamos a contar com 63 patrimônios vivos no estado”, avaliou o presidente da Fundarpe Marcelo Canuto. É sempre uma alegria reconhecer novos mestres e grupos que tanto contribuem para nossa cultura e, a partir do prêmio, passam a ser protegidos dentro do que executam, como também a ter o compromisso com a transmissão de seus saberes. Nas diversas ações que promovemos, os Patrimônios Vivos são uma presença constante, quase obrigatória, levando não apenas seu folguedo, mas também interagindo com novos públicos e ministrando aulas, participando de rodas de diálogo, dinamizando como nunca antes puderam fazer, a produção da sua arte.
CONHEÇA OS  ESCOLHIDOS:
José Aprigio Lopes – Mestre Aprigio
Ouricuri (Sertão do Araripe)
Artesanato em Couro
Nascido em Exu, terra de Luiz Gonzaga, no dia 25 de maio de 1941, José Aprígio Lopes, continua em plena atividade de artesão, no município de Ouricuri. Ele confecciona peças em couro e, sem nenhuma pretensão ou arrogância, conta que conhece bem o repertório de Luiz Gonzaga. Ele confeccionou a partir de 1955 os chapéus de couro usados por Luiz Gonzaga. “Meus chapéus serviram de coroa para os dois grandes reis que conheci, Luiz Gonzaga e Dominguinhos”, diz o Mestre Aprígio.
Foto: YouTube/Reprodução
Aguinaldo da Silva – Mestre Nado RECIFE
Produção de Instrumentos Musicais de Barro
Mestre Nado foi criado em meio ao universo do barro e deste se fez homem. A brincadeira com argila é desde a infância. Aos 10 anos passou a trabalhar como ajudante em uma olaria de quartinhas onde ficou até aos 17 anos. Esse é o local que lhe rende toda qualificação e experiência mas é em Tracunhahém que o mestre revela toda a força de sua cerâmica figurativa. Já morando em Caixa Dágua, periferia de Olinda, Mestre Nado passa a manter o Centro Cultural Som do Barro, local dedicado à construção de instrumentos musicais a partir do barro.
Mestre Nado. Foto Jan Ribeiro/Divulgação
Francisco de Assis Calixto Montenegro – Assis Calixto ARCOVERDE
Mestre Assis Calixto é natural de Sertânia, e reside em Arcoverde há 67 anos. O mestre é reconhecido no estado por suas composições e aglutina em seu currículo turnês nacionais e internacionais difundindo o samba de coco, dentro do grupo Coco Raízes de Arcoverde. As composições do mestre Assis Calixto retratam a vida do sertanejo, elementos da natureza e dos animais. O mestre também confecciona as tamancas de madeira utilizadas para dançar o coco, bastante difundidas pelos integrantes do coco Raízes, em suas apresentações.

Mestre Assis Calixto. Foto: Costa Neto/Divulgação

Tribo Indígena Carijós – Tribo Carijós do Recife

Região Metropolitana do Recife
Caboclinhos
A Tribo Indígena Carijós do Recife ou Caboclinho Carijós do Recife é a tribo mais antiga de
Pernambuco, com 122 anos de história dedicada a expressão cultural bem imaterial do Brasil. Ao longo do ano, a Tribo promove oficinas de fantasias, adereços, instrumentos musicais, ritmo e dança, além de rodas de diálogos sobre a cultura indígena e história do caboclinho como processo de transmissão dos saberes e fazeres ligados a esta manifestação cultural.

Pai Jeferson Nagô, de Caboclinhos Carijós do Recife. Foto Jan Ribeiro/Divulgação

José Antônio da Silva – Mestre Saúba

Jaboatão dos Guararapes (Região Metropolitana do Recife)
Brinquedos Populares e Teatro de Bonecos
Mestre Sáuba tem uma longa vivência no fazer e criar brinquedos populares. Iniciou suasatividades aos 20 anos de idade, quando conheceu a cigana e artesã Maria do Socorro. A produção de brinquedos artesanais é uma prática na família do mestre: participam também seu irmão mais novo, filho e neta de sete anos. Todos participam do ofício do fazer borboletas, ratinhos, carrinhos, rói-rói e manés gostoso confeccionados com movimento e feitos em madeira de imbaúba.
Foto: Jan Ribeiro/Divulgação
Sociedade Maracatu de Baque Solto Cambinda Brasileira
Nazaré da Mata
Maracatu de Baque Solto
A história do Cambinda Brasileira começou no Engenho Cumbe. A dona da propriedade,
conhecida como Dona Rosinha, permitia que os trabalhadores “brincassem maracatu” no domingo de folga. Gostava de ver e pedia que eles se apresentassem na Casa Grande. Em 1918, Nazaré passou por um ano de crise. Sem ter o que comer, a alternativa era pescar. As tarrafas vinham cheias de cambinda e o peixe acabou dando nome ao maracatu. Primeiro se chamou Cambinda Nova e depois Cambinda Amorosa até Dona Rosinha sugerir homenagear o País, mudando para Cambinda Brasileira.“O primeiro dono do maracatu foi o trabalhador do engenho Severino Lotero. Depois ele não quis mais e passou para João Fulosino e em seguida para João Lauro até meu pai, João Padre, e minha mãe, Dona Joaninha, tomarem conta (em 1945). Quando morreu, ele deixou o maracatu pra mim e meus irmãos João e Antônio e disse que Zé de Carro seria o presidente e mestre caboclo e Dona Biu, a madrinha”, conta José Estevão da Silva (Zé Padre), lembrando do pedido do pai debaixo do pé de jaca. “Falar da história de Cambinda é falar da história do baque solto. É um maracatu de tradição, de peso, respeitado”, diz.
Maracatu Cambinda Brasileira. Foto: André Sampaio/Divulgação
Da redação do BLOG do Emanoel Cordeiro – Radar de Notícias/Folha PE
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